Eu amei essa mulher,
Com todas as minhas forças.
A ela tudo eu dei,
Mesmo que por ela,
Tudo me tenham levado.
Nela buscava um berço,
E por paixões fui tomado.
Quando quis lhe apresentar,
E noiva lhe clamei,
Recusou-me namorado.
Disse-a: me leve contigo,
Disse-o teso, disse-o alto.
Entre doces contrapontos,
O disse todas as vezes:
Mesmo sendo ignorado.
Por ela aceitei ser nada,
E às vezes menos ainda.
Me reduzi ao estrume,
Que a mim pisava,
— Por ocasião ou por melindra.
Dançávamos sem muito pudor,
E eu sibilava-lhe notas,
Quando me roubava o fôlego,
Já sem ar,
Me apunhalava pelas costas.
Me adoçava servindo veneno:
Um vagalume nas suas trevas.
Porque fui amar logo a ela?
A mais sádica das Evas,
Oh, mulher tão formosa.
Talvez por leviandade perdida,
Por sentimentos, ou por suas prosas.
A ela fui sempre fiel,
Sempre voltei,
Trazendo-lhe rosas.
Já sem olhar o relógio,
Acolho-a na minha casa.
Mesmo que tenha roubado,
Meu sono, meu lar,
Meu copo, minha água.
Vem o frio, e a velha chacota,
E ainda assim não a deixo na fossa,
Passam os dias, vem a menopausa,
E mesmo de longe,
A amo, Europa.